quinta-feira, 24 de junho de 2010

Frutos Urbanos (Projeto Plantio e conservação de árvores frutíferas)

As árvores deixaram de ser plantadas como antigamente. Foram saindo da cena urbana para dar lugar a mais casas ou prédios de apartamentos. E assim, o bucólico cenário de árvores e pássaros nos quintais ficou apenas na memória das pessoas

Décadas atrás, as casas em Sorocaba, além de grandes no tamanho, tinham quintais também grandes. Os loteamentos apresentavam frações de lotes, nos quais era possível construir as casas e em cada uma os moradores plantavam árvores frutíferas dentro de uma espécie de pomar, não faltando também as hortas no quintal. Essa palavra, inclusive, vem de uma outra, quinta, que significa uma grande propriedade rústica, na qual está inserida uma habitação.

Com o tempo, os sorocabanos foram perdendo espaço nos chamados quintais. As áreas de terra tornaram-se, aos poucos, impermeabilizadas com cerâmicas por questão de comodismo para facilidade na limpeza, quando não houve as construções de edículas, que servem de moradias para filhos ou como opção de ganho extra com o aluguel. Restaram pequenos espaços para os jardins, normalmente na frente das moradias. As árvores deixaram de ser plantadas como antigamente. Foram saindo da cena urbana para dar lugar a mais casas ou prédios de apartamentos. E assim, o bucólico cenário de árvores e pássaros nos quintais ficou apenas na memória das pessoas.

Essa lembrança torna-se interessante para comentar o projeto de pomarização urbana que a Câmara de Vereadores aprovou na sessão da última terça-feira e que vai agora ao prefeito Vitor Lippi para a sanção ou veto. O projeto institui o Programa Municipal de Pomarização Urbana e dispõe sobre plantio e conservação de árvores frutíferas em Sorocaba, numa ação que irá envolver poder público, entidades privadas e a população. Isso dentro dos propósitos ecológicos e educacionais. A iniciativa foi do vereador Luís Santos (PMN), mas, na Câmara, uma emenda aprovada junto com o projeto pôs às claras a questão técnica e de muita importância: as árvores deverão ser plantadas em praças e parques obedecendo a critérios técnicos da Secretaria de Meio Ambiente. Isso é importante para disciplinar o plantio, de forma que a árvore frutífera não venha ocasionar problemas na área urbana. Só para exemplificar: uma mangueira plantada numa avenida, quando estiver em franca produção de frutos, os maduros podem cair e entupir um bueiro do escoamento de águas pluviais. Espaços de estacionamento de veículos não poderão, da mesma forma, ter as árvores frutíferas.

É desnecessário citar a importância de uma árvore para a vida humana, bem como para a fauna, de uma forma geral. No caso das frutíferas essa importância é ainda maior porque os frutos são também alimentos em especial de pássaros. A lei, caso sancionada pelo prefeito, poderá ajudar as crianças a conhecer as árvores e entender a funcionalidade delas, dentro de um processo educativo. Não é raro, professor deparar-se com aluno acreditando que um determinado fruto seja mais ou menos da forma como ele conhece após a industrialização de um suco ou doce. E não são todas as crianças que sabem como é a árvore que produz o fruto que gosta ou que vê na feira livre ou mercado.

O projeto tem um cunho educacional forte e deverá se constituir em importante instrumento ambiental em Sorocaba. Evidentemente, é necessário todo o acompanhamento técnico para que a execução atenda aos objetivos propostos, sem prejuízos para a própria cidade. O convívio urbano pressupõe qualidade de vida e neste aspecto as árvores cumprem um papel fundamental e qualquer ação envolvendo plantio e cuidados merece o apoio.

Notícia publicada na edição de 24/06/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno A (Editorial)

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